Foto: Bruno Santos (Folhapress)
O presidente Michel Temer afirmou nesta terça-feira que, em vez de sinalizar instabilidade política, o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em segunda instância significa que "as instituições brasileiras estão funcionando, o que dá tranquilidade para quem quiser investir no país". Temer falou à imprensa em Zurique, na Suíça, onde pousou nesta tarde para participar do Fórum Econômico Mundial em Davos.
O julgamento de Lula nesta quarta-feira ocorre no mesmo dia do discurso de Temer durante evento, mas, segundo o presidente, a coincidência não vai causar mal estar nenhum. Temer reiterou as mensagens de otimismo que têm sido repetidas pelo governo e disse que seu objetivo no fórum desta semana será o de mostrar o que é o novo Brasil.
PROTESTOS PELO BRASIL
Em uma série de protestos marcados para a tarde desta terça-feira, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) bloquearam cinco rodovias federais e quatro estaduais nesta manhã, na Bahia. As manifestações fazem parte das atividades organizadas em defesa do ex-presidente Lula. Foram interrompidas as principais rodovias da Bahia, dentre elas a BR-101 e a BR-116, que cortam o Estado de norte a sul. A BR-101 foi a mais atingida: foi bloqueada em quatro trechos, próximo às cidades de Itagimirim, Itabela, Ibirapitanga e Teixeira de Freitas. Para fechar as estradas, as manifestantes queimaram pneus e pedaços de madeira.
Deputado federal da região afirma: Lula vai ser absolvido
Em Porto Alegre, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) defendeu, também nesta tarde, que seu antecessor e colega de partido não é um radical. Dilma falou por cerca de meia hora em um carro de som estacionado em frente à Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, durante um evento de mulheres em defesa da candidatura de Lula. O ato estava previsto para ocorrer no Auditório Dante Barone, dentro da Assembleia, mas uma queda de luz impediu a realização do evento no local.
- O Lula não é um radical, só não é uma pessoa que negocia suas próprias convicções - disse.
A fala vai ao encontro da preocupação do ex-presidente em não afrontar o Judiciário, um dia antes do julgamento em segunda instância que pode selar o destino de sua candidatura em outubro. Ao confirmar presença no ato da noite desta terça, Lula pediu que transmitissem a informação de que sua viagem a Porto Alegre representa apenas um gesto de carinho.
JULGAMENTO
Na ação que será julgada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), Lula é acusado de receber R$ 3,7 milhões de propina da empreiteira OAS em decorrência de contratos da empresa com a Petrobras. O valor, apontou a acusação, se referia à cessão pela OAS do apartamento tríplex ao ex-presidente, a reformas feitas pela construtora nesse imóvel e ao transporte e armazenamento de seu acervo presidencial.
O TRF-4 já informou que, caso condenado, Lula só poderá ser preso após a tramitação de todos os recursos. Em caso de condenação em segunda instância, o ex-presidente fica inelegível pela Lei da Ficha Limpa, mas pode se manter na disputa também por meio de recursos.